Carbonato em rochas pode indicar vida há 4 bilhões de anos em Marte

Mais uma vez, um artigo publicado no site antigo que achei que seria interessante republicar por ser um dos mais visitados. Resolvi não reescrever, por isso relevem o tom agressivo utilizado. Costumava fazer isso para provocar reação e conseguir alguns comentários. Deu errado e vejo que a nova atitude que assumi, mais positiva e didática, tem funcionado muito melhor. Vamos então ao artigo original.

Este é o tipo de notícia que o Árabe Doido gosta de trazer. É o tipo preferido, porque além de nos trazer uma informação interessante, de quebra dá uma “tijolada” nas crendices das Ovelhinhas do Senhor de plantão. O que poderia ser mais agradável para alguém que se dedica a derrubar mentiras e crendices baseando-se no conhecimento científico?

Ok, muitos dirão que a interpretação da descoberta ainda carece de confirmação, que precisa de mais evidências e que é necessário mandar uma missão para lá para confirmar as conclusões tiradas. Concordo com tudo isso. Com certeza não é nada definitivo, mas sinceramente tenho curiosidade em saber como é que as Ovelhinhas vão lidar com isso, quais serão os malabarismos que farão para defender suas crendices e quais serão as “pérolas crentais” que aparecerão.

Bem, vamos ver a notícia.

Pesquisadores americanos identificaram rochas que, acreditam, poderiam conter restos fossilizados de vida em Marte. Vejam bem que o que foi dito aqui é que essas rochas PODERIAM conter restos fossilizados. Nem mesmo os cientistas têm certeza ainda. Mais para frente veremos melhor essa parte.

A equipe de pesquisadores identificou rochas antigas da Nili Fossae, uma das fossas existentes na superfície do planeta. O trabalho dos pesquisadores revelou que essa vala em Marte é equivalente a uma região na Austrália onde algumas das mais antigas evidências de vida na Terra haviam sido enterradas e preservadas em forma mineral.

Vejam que a interpretação é feita aqui por uma espécie de semelhança. Uma vez que aqui na Terra uma formação similar contém restos fósseis, aquela PODE conter também. Claro que é possível que uma missão a Marte que estude essas rochas de perto não encontre nenhum fóssil. Mas o divertido aqui é imaginar como é que as Ovelhinhas do Senhor interpretariam essa hipótese.

A equipe, coordenada por um cientista do Instituto para Busca de Inteligência Extraterrestre (Seti, na sigla em inglês), da Califórnia, acredita que os mesmos processos hidrotermais que preservaram as evidências de vida na Terra podem ter ocorrido em Marte na Nili Fossae.

Novamente, é possível que outros processos tenham criado essas rochas. É algo a ser estudado.

As rochas têm até 4 bilhões de anos, o que significa que elas já existiam nos últimos três quartos da história de Marte.

Carbonatos

Quando, em 2008, cientistas descobriram carbonatos nessas rochas de Marte, provocaram grande alvoroço na comunidade científica, já que os carbonatos eram procurados havia tempos como prova definitiva de que o planeta vermelho era habitável e que poderia ter existido vida por lá.

Os carbonatos são produzidos pela decomposição de material orgânico enterrado, se esse material não é transformado em hidrocarbonetos.

Cabe aqui mais um comentério. Infelizmente, a notícia foi mal escrita e muitos apedeutas acabam por interpretá-la de forma errônea. O que ocorre é que a presença dos carbonatos prova que Marte já foi HABITÁVEL. Isso não prova que Marte foi HABITADO. Desta vez, isso é imprtante dizer isso não para as Ovelhinhas, mas para pseudo-ufólogos que tentam “cavar” em tudo uma confirmação para suas estultas teorias. E isso posso falar com propriedade, pois já fui um desses, devo admitir com toda a vergonha que isso me traz.

Continuando a notícia, temos que o carbonato é produzido pelos restos fossilizados de carapaças e ossos e permite uma maneira de investigar a vida que existia nos primórdios da Terra.

Na nova pesquisa, publicada na última edição da revista especializada Earth and Planetary Science Letters, os cientistas avançaram a partir da identificação dos carbonatos em Marte.

Missão da Nasa

O coordenador do estudo, Adrian Brown, usou um instrumento a bordo de uma missão da Nasa estudar as rochas da Nili Fossae com raios infravermelhos.

Eles depois usaram a mesma técnica para estudar rochas na área do noroeste da Austrália chamada Pilbara.

“Pilbara é uma parte da Terra que conseguiu se manter na superfície por uns 3,5 bilhões de anos, ou três quartos da história do planeta”, disse Brown à BBC.

“Isso permite a nós termos uma pequena janela para observar o que estava acontecendo na Terra em seus estágios iniciais”, explicou.

Os cientistas acreditam que micróbios formaram há bilhões de anos algumas das características distintivas das rochas de Pilbara.

O novo estudo revelou que as rochas da Nili Fossae são muito semelhantes às rochas de Pilbara em sua composição mineral.

Brown e seus colegas acreditam que isso mostra que os vestígios de vida que possa ter existido no início da história de Marte podem estar enterrados nesse local.

“Se havia vida suficiente para formar camadas, para produzir corais ou algum tipo de bolsões de micróbios, enterrados em Marte, a mesma dinâmica que ocorreu na Terra pode ter ocorrido ali”, disse. Por isso, segundo ele, que os dois locais são tão parecidos.

Novamente, atentem para o termo PODE, muito utilizado nos parágrafos anteriores. Em momento nenhum eles dizem que existiu vida ou que fósseis estão lá. Seria uma aberração científica dizer isso. Ciência não é fé, mas sim estudo de evidências. Haver a possibilidade não é prova da efetiva da existência de algo. É uma notícia interessante, mas ainda carece de mais estudos empíricos.

Pouso

Brown e muitos outros cientistas esperavam que poderiam logo ter a oportunidade de estudar mais de perto as rochas de Nili Fossae. O local havia sido marcado como um potencial local de pouso de uma nova missão para Marte, a ser lançada em 2011 pela Nasa, mas o lugar foi posteriormente considerado muito perigoso para um pouso e acabou removido da lista da Nasa em junho deste ano.

“O robô da Nasa acabará visitando outro local interessante quando pousar, mas esse local é o que deveríamos checar para descobrir se havia vida nos primórdios de Marte”, lamenta Brown.

Trata-se do robô apelidado de “Curiosity”, o “Mars Science Laboratory”. O site oficial pode ser visto neste link. Como sempre, os links deste site se abrem em nova janela. Por isso podem clicar sem medo de sair do blog. Ah, sim. O site da missão está em inglês. Mas creio que isso não seja problema para alguém que chegou até aqui na leitura desta postagem.

Quando mencionei que esta notícia faria as Ovelhinhas do Senhor surtarem é pelo fato de que algo assim iria obrigá-las a rever as interpretações de suas crendices, principalmente daqueles que defendem as várias versões do criaBURRIcionismo. Será que eles dirão que a possível vida em Marte foi também criada por mãos invisíveis? Foi do barro também?

Outra questão é quando. Dirão que foi na mesma ocasião em que a vida foi criada aqui na Terra? E por que foi extinta lá? Uma maldição pior do que aquela lançada aqui por um deus em uma eterna TPM? Qual será que foi o crime cometido por Adão e Eva versão marciana?

Para finalizar, qual será o “malabarismo” que as Ovelhinhas apresentarão para a falta de informações sobre a criação em outros mundos? Talvez utilizem o blá blá blá famoso das “muitas moradas”. Gostaria sinceramente de saber quais serão as explicações. Me divirto só em imaginar.

Fonte: G1 Ciência