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domingo, 5 de junho de 2011

Multidão apedreja e queima macaco 'bruxo' na África do Sul

Não sei nem o que dizer sobre esse episódio. Principalmente por ter sido motivado por pura superstição e por boatos, como todos poderão ver no decorrer da notícia.

Há aqueles que dizem que cada um acredita naquilo que quiser e que não devemos nos meter nessa escolha. Agora, pergunto a eles se essa regra vale para esse caso e para vários outros nos quais um inocente acaba pagando com a vida porque alguém em algum lugar está "acreditando naquilo que quer".

O caso ocorreu, segundo notícia veiculada no G1, no vilarejo de Kagiso, perto de Johanesburgo, na África do Sul. Segundo jornal local, uma multidão apedrejou e queimou vivo um macaco vervet depois que os supersticiosos locais dizerem que o animal estava ligado a algum tipo de bruxaria.



O engraçado de tudo isso foi que tudo se baseou apenas em boatos. Uma verdadeira regressão a uma prática medieval, em que se uma mulher fosse acusada de bruxaria, seria invariavelmente torturada e queimada. E que se dane a falta de provas. Se o povo falou, então deve ser verdade.

Mas voltando ao assunto do macaquinho, segundo o jornal sul-africano The Star, a multidão gritava 'Mate aquele bruxo', enquanto o macaco era colocado em um balde e encharcado com gasolina. Em seguida, testemunhas relatam que os moradores atearam fogo ao animal.

Toda essa barbárie começou no dia 23 de maio, quando surgiram boatos de que o macaco podia falar, quando o animal entrou no vilarejo. O bicho foi então capturado, apedrejado e queimado. Qualquer semelhança com as práticas da Inquisição são mera coincidência.

Antes de ser colocado dentro do balde e encharcado com gasolina, o animal conseguiu fugir e se refugiar em uma árvore, mas foi agarrado novamente e morto.

Um dos moradores de Kagiso, Tebogo Mswetsi, disse ao The Star que foi acordado por amigos logo pela manhã, que falaram sobre o macaco. Segundo eles o animal andava pelo vilarejo 'falando com as pessoas'. Até aqui nenhuma evidência dos supostos poderes do macaco. Apenas o fato de alguém ter dito já serviu para que ele fosse julgado e sentenciado à morte. Interessante, não?

Ainda de acordo com o jornal, Moswetsi se juntou à multidão por curiosidade e, quando o macaco subiu na árvore, foi ele quem o tirou de lá.

'Me sinto culpado, não devia ter tirado ele daquela árvore. Eu o derrubei depois que alguém despejou gasolina nele. Não tive escolha', disse Moswetsi ao jornal.

Acho que ele tinha sim escolha, a omissão. Ficasse na dele e não ajudasse a pegar o tal macaco. Fingisse que tentava pegá-lo e facilitasse sua fuga. Todos temos escolhas. Tenho para mim que esse cara está mentindo para os repórteres. Mas isso é apenas uma opinião.

Traumatizante

A entidade de proteção dos animais locais, Comunity Led Animal Welfare (Claw), descreveu o incidente como 'bárbaro' (e isso para dizer o mínimo) e enviou uma de suas gerentes, Cora Bailey, ao vilarejo, depois de ter sido alertada por um dos moradores, Johannes Bapela.

Bapela chamou a polícia para evitar a morte do animal, mas os policiais não conseguiram evitar a morte do primata. Seria difícil para a força policial de um vilarejo conter uma mutidão ensandecida. De repente, até os policiais poderiam ter o mesmo fim do macaco, pois tentaram ajudar o bruxo.

'Eles bateram no macaco e então o incendiaram. Não consegui dormir naquela noite, pois foi muito traumatizante', disse Bapela ao The Star. Eu também senti meu estômago revirar de tanta revolta ao ler a notícia. COmo é que em pleno século XXI ainda existem aqueles que levam a sério coisas como feitiçaria e animais falantes? Pensando bem, a Bíblia menciona animais que falam. Eles devem mesmo existir.

Para Bapela (e para todos nós), as alegações de feitiçaria usadas para matar o macaco 'não tem fundamento'.

Cora Bailey, da Claw, afirma que chegou ao local tarde demais.

'Fiquei arrasada. Você mal podia dizer que (o macaco) tinha sido uma criatura viva. Havia crianças pequenas (no local) que ficaram muito confusas e assustadas', disse.

Bailey afirmou que os animais da região acabam vítimas da superstição devido ao fato de os moradores dos vilarejos não entender que este animais entram em locais habitados pois seu habitat natural foi destruído ou o animal se separou de seu grupo.

Vemos com essa notíci como algumas crenças podem ter efeitos devastadores. Desta vez, a vítima foi "apenas" um macaco. Mas temos casosem que crianças e adultos pagam com a vida ou com a saúde tanto física como mental pelas crendices de uns e outros. Definitivamente, pensar no "cada um acredita no que quer" só vai incentivar o mau comportmento de pessoas desinformadas e influenciáveis. Daí vemos a importância de colocar a educação como a mais alta prioridade.

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