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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Feira de estudantes lança "detector de certeza" para vocação profissional

Sei que esta notícia foge um pouco do tema geral do site, mas se formos parar para analisar, a fugida não é tão grande.

A verdade é que quase caí de costas quando li a notícia, sinceramente. Pelo que parece, a tecnologia do polígrafo (sim, o famoso detector de mentiras) foi usada para dar aos estudantes uma medida da "certeza" que eles têm da profissão a seguir.

Particularmente, tenho minhas dúvidas se isso realmente funciona, por alguns motivos particulares. Na verdade, minhas dúvidas vêm em virtude de conhecer como é o funcionamento desse tipo de aparelho e o que ele realmente mede. Mas vamos à notícia e me estenderei mais nos detalhes nos comentários.



A frase “qual curso você vai prestar?" assombra muitos estudantes que estão se formando no Ensino Médio, que ainda se sentem inseguros sobre a escolha da carreira. Até aqueles que já se decidiram têm dúvidas quanto ao primeiro rumo da vida profissional.

Pensando nisso, a feira Planeta PUC, evento organizado anualmente pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), integrante do Grupo Marista, lançou uma novidade para ajudar os estudantes na escolha certa: o “Medidor de Certeza”.

A tecnologia do “Medidor de Certeza” é a mesma de um Polígrafo, instrumento utilizado em diversas corporações e empresas, como o FBI, e a CIA, com o objetivo de detectar a veracidade das informações em um depoimento.

Eles apenas se esquecem de um pequeno detalhe, que é crucial para podermos interpretar melhor essa maquineta: ela na verdade não diz se alguém está mentindo ou não, pelo simples fato de esse tipo de resposta ser algo muito subjetivo. Particularmente, vejo que tudo o que não for a realidade é uma mentira. Até mesmo alguém que está com problemas e quando indagado usa a famosa frase "não é nada". está mentindo.

Se formos mais além, o que o polígrafo realmente mede de forma bem precária são alterações emocionais no sujeito. Assim, ele pode dar pistas se o sujeito está tentando enganar o interlocutor, mas ainda assim podem haver situações em que o avaliado mente sem estar tentando enganar.

Explico: há situações em que o indivíduo é induzido a erro ou até mesmo se engana. Nesse caso, ele dirá um fato irreal ou até mesmo irá relatar uma história distorcida, mas acreditando honestamente estar dizendo a verdade. Temos aí o caso de alguém que mente (diz coisas que não condizem com a realidade), mas não tenta enganar ninguém.

“A máquina avalia a precisão das respostas. O objetivo não é dar um veredicto sobre a escolha, mas sim mostrar aos estudantes a importância da decisão. É importante frisar também que não se trata de um teste vocacional”, explica o diretor de marketing do Grupo Marista, Stephan Younes.

No “Medidor de Certeza”, essa análise é feita pela precisão e timbre da voz do estudante, além de registros de mudanças no batimento cardíaco. Para fazer o teste, o estudante entra na cabine da tecnologia e conecta-se à máquina via Facebook. O jovem passa por uma medição da pressão e responde algumas perguntas cadastrais como nome, idade etc, com o objetivo de calibrar o tom de voz, e uma pergunta sobre qual o curso escolhido. A partir daí, o Medidor de Certeza mostra mais quatro novas perguntas para que o estudante explique como chegou àquela decisão e o que espera da profissão.

A ferramenta identifica alterações e suas causas (mentira, excitação, exagero ou conflito cognitivo). O estudante leva para casa um relatório com o resultado, que pode ser compartilhado em sua timeline no Facebook.

Acho isso até interessante como uma diversão, mas temerária para tentar ajudar os estudantes sobre a escolha da profissão. Sejamos honestos: são poucos os jovens que têm uma auto imagem precisa, que conhecem quais são realmente suas aptidões e habilidades e muito mais raros são os que realmente sabem o que querem da vida.

Seria mais seguro realmente orientar os jovens na escolha de uma profissão, mostrando como é o dia-a-dia de cada tipo de profissional e não querer tentar medir o grau de certeza deles. Há até o risco de fazer com que alguém com grande potencial para determinadas áreas acabe desistindo de uma carreira por causa desse tipo de teste. Acho que seria interessante frisar que esse teste é mais uma brincadeira do que algo sério. Não vamos esquecer que adolescentes são muito influenciáveis.

E agora?

Após a experiência com o “Medidor de Certeza”, os estudantes poderão conversar com os psicólogos e demais professores presentes nos estandes do evento para que possam ter orientações mais precisas sobre a carreira pretendida.

Sinceramente espero que esses profissionais sejam psicólogos de verdade, em vez de psicoretardados, como duas que conheci, que até usavam PNL e livros de auto-ajuda para tratar seus pacientes. Falo por experiência própria que essas coisas têm potencial para causar danos terríveis.

“Decidir a profissão é uma escolha de responsabilidade, que exige dos estudantes uma pesquisa detalhada para que eles tenham certeza do caminho que querem seguir. Este ano, usamos a tecnologia como um adicional que auxilia nessa decisão”, afirma Younes.

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