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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Emprego vira 'ciência' e negócio para startups

Vou dizer que fiquei um pouco triste com esta notícia. Falo isso de coração, mas ao mesmo tempo me anima essa nova forma de recrutamento.

Explico: depois de ter sido por tantas vezes eliminado de entrevistas de emprego por causa de mal-entendidos causados por falhas de comunicação e vamos ser sinceros, diferenças culturais entre o ambiente em que cresci e o que encontrei no mercado de trabalho, eis que surge uma nova ideia que tem potencial para dar muito certo.

Vamos à notícia. Explicarei melhor no decorrer dela:



Eliminada de processos seletivos na área de recursos humanos por ser formada em jornalismo, Anamaíra Spaggiari, de 24 anos, aceitou a sugestão de um amigo para testar um tipo diferente de recrutamento, a partir de um teste online. O algoritmo criado pela startup brasileira 99jobs promete colocar jovens de 18 a 24 anos em contato com vagas e empresas com alto grau de compatibilidade com seus objetivos. A seleção é feita com base nas respostas de um questionário virtual. Anamaíra se candidatou para uma vaga de analista de negócios na Fundação Estudar, que segundo o site tinha mais de 90% de compatibilidade com seu perfil. Em dez dias estava contratada. "Foi um processo que considerou minha experiência e não a formação", diz.

Achei fantástica essa nova abordagem. Lembro que quando comecei a procurar estágio, depois de ter saído de uma realidade na qual tudo era competição e as avaliações eram feitas por comparação entre os alunos e entre os grupos, ficava difícil deduzir o que entrevistadores queriam ver nas famigeradas dinâmicas de grupo.

Se separavam em grupos, deveria ser para ver qual grupo fazia a tarefa com mais rapidez. Se era para desenhar, queriam ver quem desenhava melhor. Imaginava em minha mente que queriam ver quem era ou não "bitolado", imaginava que aquilo era para ver quem investiu em outras habilidades, mantendo-se alguém polivalente. Amarga ilusão...

Na 99jobs o currículo está fora do processo inicial de seleção. "Não nos importamos com o curso que a pessoa fez e se ela é comunicativa ou introspectiva. Consideramos com que tipo de trabalho, pessoa e ambiente aquele candidato quer se conectar", diz Bárbara Teles, gerente de relacionamento da startup. Softwares como esse são pouco conhecidos no Brasil, mas estão ganhando força nos Estados Unidos, onde o uso deles já ganhou um nome: workforce science (algo como a ciência da força de trabalho).

Trata-se do uso da tecnologia de análise de dados, conhecida como Big Data, para aprimorar os processos de recursos humanos. Com a tecnologia é possível correlacionar dados de um candidato com base em diversas fontes - um teste online, informações armazenadas online ou no computador do trabalho. A análise ajuda a entender como a pessoa se comunica, que tipo de desafio prefere e quais empresas têm mais o seu perfil.

Agora o que me pergunto é: por que isso não foi feito antes? Uma ideia que até parece saída da mente do Capitão Óbvio e tantos anos se passam antes que alguém perceba que isso é algo bom. Enfim...

Para se ter ideia do potencial de mercado, o site eHarmony - popular serviço dos EUA para encontrar casais compatíveis - está atualizando o algoritmo do seu teste de compatibilidade amorosa para lançar uma versão para o mercado de trabalho.

A mesma tecnologia também pode ser usada para fazer as empresas chegarem ao candidato ideal - algo especialmente interessante em países com baixos índices de desemprego. "Quem está feliz no trabalho não vai olhar sites de vagas. Com as redes sociais, conseguimos fazer as empresas chegarem aos candidatos passivos, que hoje são 80% da nossa base, a partir de filtros de características", diz Milton Beck, diretor de vendas do LinkedIn.

Criada em 2007, a Evolv é uma das empresas que estão popularizando a workforce science nos EUA. "Da mesma forma que o Google diz a uma pessoa o que comprar, nós dizemos quem contratar, como o empregado vai atuar e quando vai sair", diz o cofundador e vice-presidente Jim Meyerle.

A startup, que recebeu US$ 42 milhões em investimento, desenvolveu um sistema para reunir e analisar dados de funcionários de áreas variadas ao longo da carreira - desde a contratação até a demissão. Assim, ela define os fatores que aumentam as chances de sucesso na contratação. Em um trabalho para a Xerox, a Evolv descobriu que a capacidade criativa, e não a experiência na área, aumenta a chance de um candidato permanecer por mais tempo no emprego.

A Gild, outra startup norte-americana, criou um software para avaliar programadores com base nos trabalhos publicados por eles na internet. Isso fez com que candidatos, antes eliminados de processos seletivos, fossem contratados pelas empresas certas. "Muitos profissionais estão interessados em entrar na indústria de tecnologia e aprender novas habilidades fora da sua formação. Nós usamos a Big Data para descobrir novos talentos", diz Michael Stapleton, vice-presidente de marketing da Gild.

Fonte: Yahoo Notícias

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