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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Não existe vida inteligente fora da Terra, segundo cientista

Estive nos últimos dias em uma busca por algum material interessante para postar, mas anda difícil. Parece que chega uma hora que as notícias científicas dão uma esfriada e parece até que os jornais começam a postar montes de baboseiras apenas para dizer que têm um caderno de ciência. É a vida...

Ocorreu que essa caça por bom material me levou a um site "interessante", chamado Hype  Science. Ainda que nele haja matérias muito interessantes em seus títulos, sou obrigado a dizer que a qualidade dos textos deixa muito a desejar. Isso para dizer o mínimo. É o que acontece quando se coloca alguém que não é de determinada área para escrever sobre ela. Aqui, colocaram uma garota de 19 anos e estudante de Jornalismo para escrever uma matéria sobre algo que um cientista declarou sobre a possibilidade de contatos com alienígenas e a probabilidade de que eles existam para poderem fazer essa tão sonhada comunicação.

Pelo que percebi, a autora do artigo confundiu um pouco o sentido da reportagem original em inglês e acabou com uma interpretação a meu ver distorcida. Vou tentar aqui explicar o que foi dito no Telegraph e ao final, colocarei a transcrição do artigo da menina e os links para ambos os artigos. Também mantive o título original para que fique fácil a referência. Depois de ler tudo aqui, o leitor que julgue se foi isso mesmo que o cientista disse.
Antes de começar, um aviso aos navegantes antes que venham postar abobrinhas nos comentários: esta postagem tem o objetivo de ser uma dica construtiva para o Hype Science e para a garota que escreveu o artigo. Nada contra a pessoa dela, sua idade ou seu curso. Não temos o direito de denegrir nenhuma profissão, seja ela qual for. Minha intenção é dar a dica para que seja tomado um pouco mais de cuidado na hora de interpretar um texto estrangeiro. Sei muito bem o quanto isso é difícil.

E ela conseguiu o que muitos não são capazes, que é ler o artigo em Inglês e entender em parte. Sei de muitos que postam aqui e têm os comentários apagados que não têm sequer a capacidade de compreender um texto em Português.O que dizer então de um em Inglês?


O artigo tem como ponto central uma declaração do bioquímico Nick Lane, que declarou que a vida complexa, aquela que vai desde a ameba (em um sentido amplo, como seres unicelulares) até nós, é algo único, extremamente difícil de ocorrer e quase certamente o que aconteceu aqui na Terra é um evento único. A declaração, pelo que o artigo dá a entender, tomou vulto por ser proferida em época do septuagésimo aniversário de Stephen Hawking, o qual fez a famosa alegação de que "dados os milhares de planetas parecidos com a Terra fora do Sistema Solar, do ponto de vista estatístico é quase certo que a vida exista em algum outro lugar".

Depois de comentar mais um pouco sobre Hawking, o artigo fica meio obscuro, mas lendo com cuidado, parece passar a se referir a Schrödinger e não mais a Lane, Aquele depois de estudos, descobriu que o que define os seres vivos é que eles possuem o que ele chamou de "dentro" e "fora". E foi isso que acredito ter confundido a tradutora.

Segundo o cientista, os seres precisam de energia para manter a separação entre o interno e o externo. Dentro de seus limites, os seres são capazes de criar seu próprio ambiente, seguro de todo o ruído químico que existe na parte de fora. Assim, a conclusão é que a vida nada mais é do que um local dentro do qual onde existe ordem.

Para manter o caos do mundo externo do lado de fora, é necessário ter uma barreira. Membranas simples podem ser criadas em laboratório em condições semelhantes às da Terra bilhões de anos atrás e elas formarão glóbulos que podem capturar outros compostos químicos para seu interior. ainda segundo o artigo, há também experimentos que sugerem que pequenas moléculas com a habilidade de se duplicarem, ainda que de forma ineficiente, também podem ser criadas e muito do material que as compõe estão flutuando pelo espaço e eventualmente caem na Terra, como aconteceu com o Meteorito Murchison.

Aí é que vamos falar em seleção no artigo original. Segundo ele, esses fatos conhecidos mostram que os passos para a formação da vida foram lentos e que com a seleção natural, uma série de "erros" bem sucedidos formaram as primeiras células simples.

Como vemos, não é mencionado nada sobre o ambiente externo e interno possam trabalhar cada um por si para que a vida seja possível. O sentido é bem diferente. Mas continuemos.

Na continuação, é dito e fica duvidoso quem diz o que. Dá a entender que foi Lane citando Schrödinger. Vou continuar dizendo apenas que isso foi dito. Caso alguém entenda melhor, fique à vontade para se manifestar para que as correções sejam feitas.

Foi então dito que a existência primitiva ficou estagnada por bilhões de anos e seus descendentes de hoje, as bactérias, continuam assim. Ficaram nesse estágio porque não conseguiam gerar energia suficiente para impor uma ordem mais complexa em seu interior. Assim, elas não evoluíram até que as células apropriadas dotadas de núcleo aparecessem. esses "eucariontes" puderam seguir uma variedade de caminhos evolutivos que culminaram no que temos hoje.

Depois, o que acabou se tornando o grande passo para que a estagnação acabasse foi uma coalisão, uma espécie de "acordo" entre as células primitivas e as bactérias. Estas passaram a ser uma espécie de trabalhadores atuando como estações de energia para seus hospedeiros. Isso contribuiu para que as células dessem um grande passo em tamanho e produtividade, podendo também abrigar mais genes do que antes e assim foi possível um ganho em eficiência e consequentemente a inovação.

Esses geradores celulares são as conhecidas Mitocôndrias. Sem elas, a vida ainda estaria engatinhando. Para o cientista, a evidência disso tudo é que todas as criaturas não bacterianas compartilham características em comum: mitocôndrias, sexo e núcleo celular. Trata-se de algo invariável e assim, também uma pista que leva a crer que trata-se de uma ocorrência única, que evoluiu uma vez só, diferentemente de olhos, por exemplo, que apareceram dúzias de vezes.

A lógica então alegada pelo cientista foi a de que formas de vida primitivas podem sim estar evoluindo e sendo moldadas em planetas e satélites semelhantes à Terra. Ocorre porém que a exemplo de nosso planeta, o evento do aparecimento nos organismos vivos da capacidade de gerar altas doses de energia e a consequente habilidade de impor ordem dentro de si mesmos, apareceu uma vez somente em nosso planeta no decorrer de 4 bilhões de anos.

Assim, é para ele improvável um evento do tipo tenha se repetido com frequência no universo e isso reduziria a estimativa de Hawking de existirem cérebros como o nosso por aí. Assim, conforme o cientista, nossa busca não deveria ser por inteligência no universo.

Como vimos pela análise do artigo original, o cientista citado não diz em momento algum que não existe vida fora de nosso planeta, como a autora diz. Ele apenas considera que a estimativa de Hawking é otimista demais, se formos considerar que as condições para o surgimento de vida inteligente foram algo que aqui na Terra ocorreu em condições muito especiais e uma única vez. Assim, ele alega que podemos estar focados no ponto errado em nossa busca com o SETI. Ao invés de procurarmos inteligência, deveríamos estar focados em encontrar apenas seres vivos.

Seguem agora os endereços dos dois artigos para comparação e referência.




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