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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Vespa parasita transforma joaninha em guarda-costas 'zumbi'

Esta semana, apareceu uma notícia que me deixou extremamente impressionado. Trata-se de uma descoberta de cientistas canadenses, os quais verificaram que uma espécie de vespa parasita utiliza joaninhas como guarda-costas para se proteger de predadores durante sua fase de casulo.

Muitos alegam que a naturesa é maravilhosa, que as espécies vivem em harmonia perfeita. Este é um convite para que revejam suas crenças. Conforme os pesquisadores da Universidade de Montreal, a fêmea da vespa injeta seu ovo dentro do abdômen da joaninha e então a larva passa a se alimentar dos tecidos internos da pobrezinha e esse processo chega a durar 20 dias. Um verdadeiro caso de harmonia e cooperação no mundo animal. Por que será que isso me fez lembrar do filme Alien?

Continuando com a pesquisa, depois de 20 dias comendo a joaninha por dentro, a larva sai de dentro da hospedeitra (de novo me faz lembrar o Alien) e começa a tecer seu casulo. Agora, o detalhe mais interessante: em alguns casos, a joaninha parcialmente paralisada continua sentada na vespa parasita enquanto o tal casulo é criado entre as pernas da ex hospedeira.



Ainda não foi completamente explicado o motivo, mas os pesquisadores sugerem que o veneno da vespa faz com que a joaninha tenha espasmos, o que a faz se debater e tremer. E esse estranho comportamento começa quando o parasita sai de seu corpo.

As observações sugerem que os espasmos e tremores da joaninha serviria para espantar predadores. Até que faz sentido, considerando que um animal imóvel poderia ser encarado como morto e assim um possível predador não o consideraria uma ameaça.

Neste momento, me veio à mente um termo mais apropriado para o verdadeiro papel da joaninha neste momento. Nos jornais, usaram o termo sentinela, ou guarda-costas. Mas se formos analisar bem, a joaninha está semiparalisada e o estudo sugere que seus movimentos ocasionais são provocados pelo veneno do parasita. Me vem agora a ideia de a joaninha estar mais para uma espécie de espantalho do que uma sentinela propriamente dita.

Interessante é também notar que os casulos que os casulos que as joaninhas espantalho guardavam, sofriam menos ataques de outros insetos inimigos naturais do que aqueles que ficam sozinhos ou guardados por uma joaninha morta.

Para mais detalhes sobre a pesquisa, é informado que os detalhes foram publicados na revista especializada Biology Letters da Royal Society.

Sustento

Agora, vamos ver como Darwin explica certos fenômenos que acontecem neste caso. Tudo muito bom, as vespas parasitam as joaninhas, elas guardam os casulos e fazem com que eles tenham mais chances de sobreviver do que aqueles que não parasitam. Então, por que ainda existem aqueles que não se metem a imitar o Alien?

Vamos por partes, como diria o esquartejador. Primeiramente, quando uma vespa usa a joaninha como seu espantalho vivo particular, devemos lembrar que a referida está semiparalisada, ou seja, não pode sair para procurar comida. Se assim não fosse, a joaninha comeria a larva da vespa, pois joaninhas são carnívoras. Me veio agora que provavelmente seja por isso que os inimigos naturais da vespa não se aproximam. Ela está sendo guardada por um animal que é um predador.

Assim, é a própria vespa parasita que precisa sustentar sua guardiã. E conforme foi descoberto, os atos alimentar o "guarda-costas zumbi" e produzir ovos são conflitantes. A vespa que que usa a joaninha põe menos ovos. Já aquelas que não usam, produzem mais ovos. E ambas têm o mesmo tempo de vida.

Assim, fica explicado por que a seleção natural manteve ambas. Uma tem mais chances de sobreviver, mas se reproduz menos. Outra tem menos chances de sobrevivência, mas as que sobrevivem se reproduzem mais. Duas soluções com eficiência parecida em ambos os casos. Assim, em média, ambas as estratégias são equivalentes.

Continuando o assunto, os cientistas, na revista Biology Letters, escrevem que  "Tanto no laboratório, como em campo, observamos ... que (a joaninha) que está parcialmente paralisada, demonstra um comportamento em que se agarra ao casulo e se contorce em intervalos regulares". "Nossa hipótese é que este comportamento resulta da manipulação da hospedeira pelo parasita, para converter a joaninha em uma guarda-costas".

ainda não foi explicado como é que a vespa manipula a joaninha, mas desconfia-se que tenha a ver com o veneno que a larva deixa no corpo da joaninha. Entre as joaninhas transformadas em guarda-costas pelas vespas, os pesquisadores descobriram que apenas 25% se recuperaram do período em que ficaram com a vespa parasita.

No fim das contas, depois de tanto sofrimento, a joaninha ainda tem chances de sobreviver a essa traumática experiência. Só mesmo em nossa natureza cuidadosamente criada por um ser infinitamente amoroso e sábio...

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